sábado, 30 de maio de 2009

Vila de Canha

Um amigo que conta contos de meias verdades
Contos pela metade e meias marrons por inteiro
Amigo que canta contos e escreve início de sono
Sonha com livros e diamantes conjugais
Amigo de contrários não contidos
De mãos trêmulas e cartas de canastra conversadas
De cursos inacabados, letras tortas
Condições impostas e camisas quadriculadas
Amigo de conversas casadas, convites de colírios escassos
Amigo que conta segredos
Saramago na cabeceira e sorvete na geladeira
De confissões cabulosas e cigarros de filtro branco
Chico, Bethânia e encontros casuais
Conflitos com bebidas de corantes azuis
Conta na padaria, conselhos desviados
Cabeça raspada, complexos e inconstâncias
De comparações engraçadas, coca-cola na ressaca
Amigo às canhas, amigo que conta contos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Let the sunshine in

O símbolo surgiu no dia 4 de abril de 1958, em Londres, em defesa ao desarmamento nuclear. Criado pelo designer inglês Gerald Holtom, integrante da inteligência durante a Segunda Guerra Mundial. Holtom usou a sinalização de bandeiras de controle de tráfego - por tratar-se de um código universal, bem como para dar a impressão de um homem em desespero - para elaborar o desenho.

O símbolo é formado pela sobreposição das letras "N" e "D" ("N" de Nuclear e "D" de Disarmament), onde “N” é representada por uma pessoa segurando duas bandeiras - uma em cada mão - na posição diagonal; e a letra “D” é formada pelos braços posicionados verticalmente. Da justaposição formou-se o símbolo, que ficou conhecido como “Ban the Bomb” (proíba a bomba), ou “Paz e Amor”. O círculo em volta simboliza o planeta Terra. Tal signo foi adotado pelos hippies americanos que eram contra a guerra nos anos 60.

Há tempos eu não assistia a um filme tão bom quanto o musical "Hair". Viva a Era do Aquário!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Menina Monstro

-Mamãe, o que é imposto de renda?
-Ah, minha filha, é um tanto que o seu pai paga pro governo todo ano.
-Mas... mamãe, por que ele tem que pagar?
-Porque todo mundo paga, é obrigatório. Aliás, já era pra ele ter voltado de Ituiutaba... vai ver o ônibus quebrou de novo...
-O que o papai foi fazer lá?
-Foi entregar o recibo pro seu tio, que é contador - e que graças a Deus não vai cobrar nada do seu pai.
-Por que o papai não foi de carro?
-Porque a gente não tem carro, filha. E mesmo que tivesse, o dinheiro que a gente tem não ia dar pra pagar nem a gasolina. E ia ter que pagar mais imposto ainda.
-Hum... mas eu ouvi no rádio que tem um carro 24 horas por dia. E que pode usar pro bem do povo.
-Quem falou isso, filha?
-Uai, mamãe, não sei quem é... uma mulher de voz calma.
-Ah, filha, isso é complicado...
-Mas, mamãe, se o papai é do povo e paga imposto de renda, então ele pode usar o carro também, não pode?
-Não, só pode usar o carro se for pra interesse de todo mundo. Se for para resolver um problema da cidade, sabe. Só pode se for bom pra maioria. E só a mulher que você falou é que pode usar.
-Por que só ela, mamãe?
-Porque ela manda na mesa. A maioria quis assim.
-Ah, acho que entendi... Mas quem paga a gasolina?
-Então, todo mundo paga, até mesmo o seu pai.
-Mas... mamãe, se o papai mal tem dinheiro pra pagar o imposto de renda, não tem dinheiro pra pagar contador, não tem dinheiro pra comprar carro e, mesmo que tivesse, não ia sobrar pra gasolina, porque é que ele tem que pagar a gasolina do carro dos outros?
-Ah, minha filha, isso nem a menina do Silvio Santos saberia responder...