quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Jabuticabeira



Onde cresciam as suas flores, agora tem cimento, chão firme, tudo cinzento, acinzentado. Onde havia aquela pequena fonte improvisada, com seu pescador satirizado, agora só existe uma rede mais à frente, perto da porta da sala. Não precisei elevar as mãos pelo caminho que você projetou, cheio de flores e galhos contorcidos, para chegar até a porta sem me arranhar, embora agora persistam tantos outros profundos arranhões. E não tem mais aquela brisa boa, as folhas balançando de um lado ao outro, levando o cheiro das rosas até a janela da cozinha, de onde saía o seu melhor café. Mudou tanta coisa, tanta vista, tanta saudade que deixa a gente meio sem norte, intactos, inertes. E vendo aquelas borboletas amarelas traçando boas energias em torno à jabuticabeira, minha flor, tem você por todo lado, basta sentir.

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