segunda-feira, 6 de abril de 2009

Energia

Um dia desses aconteceu um fato que me fez lembrar da minha infância. Daquela época em que o tempo era mais simples. É que faltou energia elétrica na cidade toda. Foi um breu total.

Engraçado como é preciso ficar no escuro para que as pessoas possam perceber a beleza do céu. Virar a cabeça procurando a lua. Fazer um pedido para uma estrela cadente.

Contudo, não foi isso que me fez lembrar da infância. É que naquele tempo não era raro que faltasse luz na cidade. Às vezes ficávamos no escuro por horas. Era só isso acontecer que já se via o pai desligando a TV da tomada e a mãe esquentando a água no fogão para o banho. Dava para ver o interior das casas iluminado pelo pavio aceso das velas de parafina.

O melhor é que a gente sabia onde ficavam guardadas as velas para quando ficasse tudo escuro de uma hora para outra. E sabia onde ficavam os fósforos, as lanternas. Sabia andar pela casa como se estivesse tudo claro, iluminado.

Várias brincadeiras aconteciam até que voltasse a luz e, quando voltava, era uma sensação de brincadeira desfeita, de hora de ir embora. No escuro todo mundo saía na rua, em frente sua casa, sentava na calçada com uma vela nas mãos. E conversava com os vizinhos, todos reunidos. Brincava fazendo sombra dos dedos na parede.

Mas um dia desses, quando faltou luz, faltou luz também nas pessoas. Faltou sorriso mágico e ingênuo. Não que não tivessem velas aqui em casa. Mas dessa vez eu não sabia onde elas estavam. E quando fui andar pela sala, tropecei no sofá. Iluminei o caminho com a luz do celular.
O céu estava lindo. Até virei a cabeça procurando a lua. Só que logo a luz voltou. As estrelas continuavam lá, o céu continuava perfeito. Mas eu precisava usar o computador para enviar um e-mail.

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