No momento em que Ana se deu conta, já não conhecia mais seu bom e velho amigo Beto tão bem quanto acreditava ser possível. Ela que sempre soube todos os pensamentos de Beto, da intenção de seus olhares irônicos, da veracidade de suas risadas. E acreditava realmente que Beto também a conhecia assim tão bem, como que reconhecendo-a, como quando a gente vê o vulto de um amigo se aproximando e consegue saber que é mesmo ele, só pelo jeito de andar. E Ana sabia de tudo isso, sabia tudo sobre Beto.
Mas só que Ana não contava com aquelas 4 da manhã, afinal, nunca antes Beto fora tão imprevisível. Ainda quando ele se aproximou, continuou imprevisível. E foi embora sem dar explicações que Ana achou que ele daria. Beto deixou com Ana muito mais do que ela poderia imaginar. E ficava se questionando se era mesmo possível que Beto não tivesse sentido o mesmo. Num momento tão inimaginável e sublime.